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Arquitetos: Behark
- Área: 125 m²
- Ano: 2021
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Fotografias :Mikel Ibarluzea
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Fabricantes: Rothoblaas, Edilians, HASSLACHER NORICA TIMBER, JUNG, Jung Iberica, Piveteau bois, ROCKWOOL, Stora Enso, Zurale
Descrição enviada pela equipe de projeto. Assim começou Last Chance for a Slow Dance, a canção de Fugazi, a última chance de uma dança lenta, e esse foi o sentimento no início do que finalmente seria a última fase da construção do pequeno espaço de Larrabetzu. Já se passavam vários anos de dura crise, diversos projetos para diferentes propostas de utilizações, intervenções arqueológicas, alguns imprevistos e até um contrato incapaz de levar a cabo a intervenção com êxito que teve de ser dispensado. Antes de retomar a construção, a obra precisou ser redesenhada novamente para deixá-la como estava no início, mas resolvendo os problemas gerados na desastrosa primeira fase das obras. Era, de fato, a última chance para uma dança lenta.
Um aterpe em Euskara ou Basco significa refúgio, um local de abrigo. No País Basco é utilizado para definir um espaço ou local coberto, tão necessário devido ao clima chuvoso do país. Dada a inexistência de espaços públicos cobertos na zona urbana, durante o desenvolvimento do projeto básico de reabilitação da Câmara Municipal de Larrabetzu, surgiu a ideia de transformar o edifício a ela anexo, praticamente em desuso e de pouco valor arquitetônico, num espaço exterior coberto que complementa o espaço público que circunda a Câmara. Esta área, como uma praça, é o espaço de maior importância e centralidade no tecido urbano do município, e por isso reúne muitas das atividades sociais e recreativas dos cidadãos, porém, não possuía exteriores cobertos e abertos. O aterpe, mesmo com as suas dimensões modestas, visa atenuar esta carência, criando um espaço protegido das intempéries mas ao mesmo tempo aberto, ventilado, luminoso e de grande permeabilidade que, também pela sua arquitetura e volumetria, se integra silenciosamente e sem alarde na trama urbana de Larrabetzu.
O novo espaço público coberto configura-se por meio de uma estrutura que atua como envoltório para o novo volume, muito semelhante à do edifício anterior. Numa perspectiva semelhante, de respeito pela pré-existência, propõe-se a recuperação da fisionomia original da parede divisória da Câmara Municipal no térreo, bem como a integração da escada exterior e do seu chafariz anexo no novo edifício, de forma que através da sua identificação na memória coletiva dos Larrabetzuarras, está contribuindo para a assimilação e integração do novo edifício, tanto fisicamente, no cuidado com o ambiente protegido do centro histórico, quanto temporariamente, como outro substrato da história no lugar.
A estrutura do revestimento exterior, em madeira laminada, é formada por uma série de nervuras estruturais que funcionam como envolvente aberta e ventilada e suportam uma cobertura de duas águas. Ela é complementada por um único grande pilar de madeira fixado ao edifício da Câmara Municipal que serve de suporte tanto à cobertura como a um mezanino de laje de madeira laminada cruzada, esta última por meio de um pequeno pórtico numa das extremidades e uma grande viga de concreto em balanço no outro.
No que diz respeito à distribuição, o espaço se divide em dois pavimentos. Um térreo diáfano, que abriga um pequeno bar ou txosna aberto e polivalente, para utilização diária ou complementar dos eventos que decorrem no espaço público e um pequeno mezanino superior, acessado pela escada exterior. Uma vez executado o projeto de reabilitação da Câmara Municipal, o acesso ao mezanino é feito a partir do seu interior, comunicando-o com o plenário e dotando-o de saída de evacuação. Este mezanino complementa e enriquece o espaço coberto, tornando-o mais versátil, pois pode ser utilizado de diversas formas, como púlpito, palco, etc.
A proposta privilegia a máxima permeabilidade do espaço público coberto de forma que um grande número de nervos estruturais desapareçam no térreo para configurar duas grandes entradas, uma pela praça principal e outra pela fachada oeste, seguindo os percursos habituais do espaço público. Uma pequena janela permite o acesso pela rua ao sul, embora não seja feito no mesmo nível. A disposição dos pilares confere ao espaço uma ampla permeabilidade visual e esta é complementada por uma instalação de iluminação pública com LEDs lineares que gera uma iluminação sugestiva e equilibrada, também regulável e com grande eficiência energética. Lá fora, o aterpe atua como uma lanterna, iluminando a praça com uma luz difusa e sutil.
Quanto à imagem do edifício, se oferece uma imagem contemporânea mas ao mesmo tempo respeitosa da tradição arquitetônica local, tanto na sua forma e volume de acordo com o edifício anteriormente existente, como nos seus materiais de construção e acabamento. Os materiais escolhidos, madeira, pedra e concreto, contribuem para a integração correta em seu ambiente.
Além disso, a intervenção de substituição do edifício existente por outro claramente diferenciado da Câmara Municipal e a recuperação da parede divisória como uma nova fachada, contribuem para valorizar o conjunto e a cidade, integrando assim o novo edifício, apesar do seu aspecto contemporâneo, de uma forma muito mais harmoniosa e silenciosa na Herriko Plaza de Larrabetzu.